Decorridas quatro décadas, creio já poder revelar, se não o maior, certamente o mais criativo golpe publicitário da história de Montes Claros, cidade pródiga nesse tipo de expediente. Lembram-se do caso Orieth Bay? Pois bem.
Era comum à época, entidades filantrópicas, times de futebol, turmas de formandos ou conjuntos musicais solicitarem aos donos de cinema a cessão de algum filme, cuja renda da bilheteria , dividida por dois, contemplava gregos e troianos. Os Heremitas (Reinaldo Oliveira, Geraldo Madureira, Herbert Caldeira e Luiz Guedes), banda de rock dos anos 1960, via-se em dificuldades para renovar seu equipamento e apelou ao dr. Mário Ribeiro, sócio-proprietário dos Cinemas Norte de Minas. Marão os recebeu com a gentileza de sempre, ligou para o seu gerente, Otávio Silveira, e recomendou os rapazes.
A fita disponibilizada por seu Otávio era Floradas na Serra, em preto e branco, última das dezoito películas produzidas pela Vera Cruz. Produção caríssima e elenco de primeira (Cacilda Becker – em sua única aparição no cinema –, Jardel Filho, Ilka Soares, John Herbert...). Havia sido sucesso de crítica e bilheteria, mas isso em 1954... Quinze anos após, os garotos da banda viram-se com um abacaxi nas mãos – o que fazer para promover aquele filme?
Meio desanimados, antevendo bilheteria ridícula, começaram a fazer cartazes em cartolina para a divulgação do filme em colégios, lanchonetes, bares, lojas etc. No meio do trabalho um deles, sem dúvida o Reinaldinho, propôs aos demais membros do grupo: “ E se mudássemos o nome do filme?”
Foi o que fizeram. Defloradas na Serra, sem sombra de dúvida levaria multidões ao cinema e foi o que aconteceu, cine Coronel Ribeiro lotado na sessão da tarde de uma quarta ou quinta-feira. Começa o filme. A moça rica (Cacilda Becker) que vai passear em Campos do Jordão descobre-se tuberculosa... Foge da clínica local e encontra um rapaz, escritor pobre e desconhecido, na estação de trem... Ele chegara para se tratar... Ela passa mal... Volta à clínica acompanhada do rapaz...
Foi o que fizeram. Defloradas na Serra, sem sombra de dúvida levaria multidões ao cinema e foi o que aconteceu, cine Coronel Ribeiro lotado na sessão da tarde de uma quarta ou quinta-feira. Começa o filme. A moça rica (Cacilda Becker) que vai passear em Campos do Jordão descobre-se tuberculosa... Foge da clínica local e encontra um rapaz, escritor pobre e desconhecido, na estação de trem... Ele chegara para se tratar... Ela passa mal... Volta à clínica acompanhada do rapaz...
Meia hora de filme... Monotonia... Uma hora de filme... Nada... De repente um gaiato gritou da platéia: “Cadê a deflorada?!” Nada... Aí já não tinha como segurar os mais exaltados. “ Ô, Jacó (apelido do funcionário que projetava os filmes), quero o meu de volta!” Aqui não tem otário não, meu chapa!” Tumulto, revolta, pouco faltou para que depredassem a sala de espetáculos quando o filme terminou. Mas, enfim, como bons montesclarenses, foram todos embora e em paz...
NOTA: Reinaldo Oliveira, Geraldo Madureira e dessa vez, também Hélio Guedes, o Patão, protagonizaram outro feito de igual valia naquela época: Anunciaram em carros de som pela cidade a presença do então famoso cantor Jerry Adriani, ao vivo, no cine São Luiz. Sim, sim, Jerry Adriani lá esteve, mas não saiu da tela...
NOTA: Reinaldo Oliveira, Geraldo Madureira e dessa vez, também Hélio Guedes, o Patão, protagonizaram outro feito de igual valia naquela época: Anunciaram em carros de som pela cidade a presença do então famoso cantor Jerry Adriani, ao vivo, no cine São Luiz. Sim, sim, Jerry Adriani lá esteve, mas não saiu da tela...