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4.5.08

MARCHA DA MACONHA

Mesmo proibida, Marcha da Maconha reúne cem manifestantes em SP
MARIANA SANT'ANNA
Colaboração para a Folha Online

04.05.2008
Mesmo proibida pela justiça, a Marcha da Maconha reuniu cerca de cem pessoas em São Paulo, no Parque do Ibirapuera. Para garantir que a marcha não acontecesse, seis viaturas do Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos) e dez da PM ficaram próximas aos manifestantes.
"O que não pode acontecer é uma passeata. Se eles ficarem parados não há problema", disse o major Wanderley, da PM.
Dê sua opinião: você apóia a proibição da marcha?
A manifestação, marcada para começar as 14h, demorou a tomar forma. Um dos organizadores, o cientista social Marco Magri, 22, esteve no parque para pedir que a marcha não fosse realizada.
"Eu vim para deixar claro que a organização acatou a decisão judicial", disse.
Ainda assim o estudante Eduardo Hideki Harano, 20, levou um cartaz que dizia: "Não fumo, não planto, não vendo, não condeno. Legalize já". Ele foi abordado por policiais, que pediram para que guardasse a mensagem.
Em reação, os manifestantes gritaram palavras de ordem como "abaixo a repressão".
"Eu quero dialogar, enquanto eu puder conversar, vou segurar o cartaz. Só vou recolher se tiver ameaça à minha integridade física", afirmou Harano.
Entre os manifestantes, muitos vestiam camisetas com a bandeira da Jamaica e fotos do músico jamaicano Bob Marley e entoavam palavras como "legaliza" e "liberdade de expressão".
A realização da Marcha da Maconha foi confirmada pelos organizadores em Porto Alegre (RS), Florianópolis (SC), Recife (PE) e Vitória (ES). Marcada para se iniciar às 14h, as polícias militares das capitais brasileiras onde o evento vai ocorrer informaram que a concentração de manifestantes começou com atraso.
A marcha foi proibida pela Justiça em Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Brasília (DF), Belo Horizonte (MG), Fortaleza (CE), João Pessoa (PB), Rio (RJ), Salvador (BA) e São Paulo (SP). Em todos os casos, foi o Ministério Público Estadual que moveu o pedido de impedimento do evento sob o argumento de que ele faz apologia às drogas.
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O USO DA CANNABIS
A espécie mais consumida é a Cannabis sativa (hemp): uma planta da família Cannabaceae, que há séculos tem sido cultivada por causa de sua fibra, suas sementes e seu poder narcótico: das folhas e flores, duas drogas são extraídas: a marijuana e o hashish. Ao contrário do que muitos podem acreditar, o uso desta planta como narcótico é, de longe, ultrapassado por suas fibras e sementes.
O cultivo do hemp teve origem na Ásia central; na China, por exemplo, existem registros do uso das fibras de Hemp mesmo antes do ano 2800 A.C.. O hemp é uma planta que cresce em zonas temperadas e é cortada anualmente. Pode atingir 5 metros de altura, mas a altura média oscila entre 2 a 3 metros. As folhas são digitadas e as flores são pequenas e amareladas.
A griffe Maconha
Tecidos feitos com fibras da cannabis são, atualmente, altamente fashion.

As fibras são obtidas através de uma série de operações, incluindo o desfolhamento, a secagem, esmagamento e agitação, que separam as fibras da madeira, resultando em longas e finas fibras, de cerca de 1,8 metros. Estas fibras são fortes e duráveis, e são utilizadas para a fabricação de cordas, cabos, esponjas, tecidos (similar ao linho) e fios. O óleo é obtido das sementes (cerca de 30% em peso) e é utilizado para o preparo de tintas, vernizes, sabões e óleo comestível. O maior uso das sementes, entretanto, é para a alimentação de pássaros domésticos. Os maiores consumidores das sementes de hemp são a Itália, UK, Bélgica, Alemanha e França.
Também da China vem o primeiro registro do uso da cannabis sativa por seus efeitos narcóticos: no ano 2700 A.C. a cannabis era utilizada na medicina chinesa como um analgésico, anestésico, antidepressivo, antibiótico e sedativo. No decorrer da história, vários povos encontraram usos medicinais para a cannabis. Mais recentemente, no século XIX, a planta era indicada para o tratamento da gonorréia e da angina! O principal ingrediente ativo na cannabis sativa é o tetrahidrocannabinol (THC), que está presente em praticamente todas as partes da planta, mas principalmente nas flores e na resina das fêmeas.
O uso como narcótico para fins não medicinais, entretanto, é bastante difundido no mundo inteiro, através de várias formas de preparto e consumo da erva. Marijuana, hashish, charas, ghanja, bhang, kef e dagga são algumas das maneiras que a cannabis pode ser consumida. Hashish - o nome deriva da secção dos Mohammedan conhecidos como Hashishin ou "assassinos", que, liderados pelo Persa Hasan-e Sabba, combateram as Cruzadas nos séculos XI e XII - é a forma mais potente do consumo de cannabis (contém cerca de 15% de THC! O bong - foto ao lado - é utilizado para esfriar e suavizar a forte fumaça produzida pelo hashish), sendo cerca de 12 vezes mais forte do que a marijuana. Consiste, basicamente, na resina liberada pelas plantas (cannabin). Usuários africanos comem (misturado com bolos ou biscoitos) ou fumam o hashish; muitas vezes, utilizam o "cachimbo-d'água" - bong ou narguilé - para suavizar a forte fumaça. Poucas regiões, entretanto, produzem plantas ricas em resinas o suficiente para a preparação do hashish. Esta droga foi introduzida na Europa durante o período de Napoleão, e ainda hoje é bastante utilizada, sendo uma das formas mais comuns na França e Inglaterra da cannabis. Na Índia, o hashish é preparado de uma maneira ligeiramente diferente e é chamado de charas.

A corrosão moral
Ubiratan Iorio
Jornal do Brasil
12.05.2008
Aqui, é um defensor da legalização das drogas acusando quem é contra de "moralista" e "obscurantista", como se a retidão de conduta – e não o consumo de entorpecentes – é que conduzisse às trevas. Ali, jogadores de futebol que, ao cometerem faltas violentas, levantam os braços bradando que nada fizeram ou que, ao receberem uma entrada mais dura, mal caem no gramado, dirigem gestos acintosos ao complacente árbitro, exigindo que mostre um cartão ao adversário.
Lá, políticos que pensam apenas em alianças e medidas populistas que lhes angariem votos, pouco se importando com o bem comum; acolá, infindáveis matérias na mídia divulgando e incentivando subliminarmente comportamentos agressivos aos valores morais consagrados, rotulados rutilantemente de "conservadorismo". Adiante, estímulos à ambição desmedida, ao "subir na vida a qualquer preço", até mesmo pisando, se for preciso, na própria mãe. Além, telenovelas que, a pretexto de retratarem a realidade, agridem a família e espargem tudo o que existe de errado como se desacertado não fosse. Mais além, empresários que só visam lucrar, sem darem qualquer valor à dimensão humana de seus funcionários. Algures, na estúpida burocracia, o mercado da venda de facilidades para burlar dificuldades. Alhures, em muitos órgãos de imprensa, o sensacionalismo puro, a busca desenfreada por maior audiência, como no caso das inúmeras reportagens sobre o monstruoso assassinato da inocente menina de São Paulo.
Precisamos entender que esses e tantos outros fatos semelhantes estão correlacionados, porque expressam, explícita e gritantemente, a corrosão moral e ética, sob a complacência de uma cultura já inteiramente envenenada pela praga do relativismo moral, em que o certo deixou de ser certo e o errado, de ser errado. Pois certo e errado teriam passado a depender, de acordo com os relativistas, das circunstâncias particulares de cada momento e de cada lugar. Não importam os meios, se são bons ou maus; só valem os fins, sejam quais forem...
O que preocupa é que dezenas de milhões de pessoas, esquecendo-se que a passividade e a omissão irracionais de seu comportamento colidem com o próprio dever de assumir sua dignidade humana, deixam-se levar, como boiadas ao som do berrante do tocador, por esse massacre contra verdades morais e éticas que sempre foram básicas nas relações sociais e na própria civilização. Renegando, por indesculpável vergonha ou por uma pretensa modernidade, valores insubstituíveis que lhes foram transmitidos em sucessivas gerações.
Não é à toa nem por acaso que em recente consulta promovida na internet maioria expressiva dos usuários revelou estar torcendo para que o vilão da principal novela global se dê bem no final da trama. A que ponto se chegou! Torcer pelo bandido... Aliás, será mesmo um bandido? Não duvido até que os relativistas me acusem de preconceituoso, já que não me dei ao trabalho de argüir que motivos o levaram a agir como um canalha. Talvez, quem sabe, tenha sido um excluído e, logo, seja vítima... Pois não há organizações que se dedicam a defender "direitos humanos" de criminosos, sem dizerem uma só palavra em favor dos que prejudicaram?
Quando o sistema moral apodrece, putrefaz-se inescapavelmente a sociedade, espraiando corrupção pela política, pela economia, pelas leis, pelos hábitos e formas de conduta, pelas instituições, enfim. O fenômeno não é brasileiro, é mundial. E não é novo, porque os seres humanos sempre foram imperfeitos, como qualquer consulta – mesmo superficial – à História revela com clareza. Mas ocorre que em outros tempos, de um lado, a velocidade de propagação das informações era infinitamente menor do que hoje e, de outro, não existia uma rede mundial, integrada por ONGs, entidades, movimentos, empresas de comunicação, organismos internacionais, partidos políticos, intelectuais e governos, com o intuito de desestabilizar moralmente a sociedade, tornando-a manipulável a seus interesses econômicos e de poder.
Os exemplos citados no primeiro parágrafo não são obras do acaso. Guardam ligação entre si, por serem meros reflexos, subliminarmente produzidos por essa rede. Talvez como em nenhum outro período da história da civilização torna-se imperioso separar o certo do errado, tarefa que cabe às pessoas conscientes e às famílias, com base na tradição ocidental.