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3.3.08

ESPECIAL/VEJA > UM RAIO-X DA SAÚDE 4

DIABETES
Doentes sem tratamento
O levantamento do Ministério da Saúde comprova uma antiga suspeita dos médicos: a de que o diabetes é uma doença muito mal diagnosticada no Brasil. Apenas 7,6% dos homens e mulheres entre 45 e 54 anos declararam ser portadores do distúrbio. "Esse índice deveria ser no mínimo duas vezes maior", diz Antonio Chacra, professor de endocrinologia da Universidade Federal de São Paulo. "Trata-se de um problema de ordem comportamental: as pessoas nessa idade apenas descobrem que têm a doença de forma indireta, quando vão ao médico por outros motivos." Até uma década atrás, acreditava-se que o diabetes tipo 2, responsável por pelo menos 90% dos casos da doença, se manifestava a partir dos 45 anos. Hoje, sabe-se que ele aparece na faixa dos 30 anos. Apesar de inúmeras campanhas de sociedades especializadas e do próprio governo, pelo menos metade dos 10 milhões de brasileiros não sabe que é portadora da doença.
De progressão silenciosa, o diabetes é resultado de um defeito no metabolismo da glicose. Obtido a partir dos alimentos, esse açúcar funciona como combustível do organismo. Para chegar às células do corpo pela corrente sanguínea – e fornecer a energia necessária para o funcionamento do corpo humano –, a glicose precisa de insulina. Nos diabéticos, por deficiências no funcionamento da insulina, a glicose tem dificuldade de entrar nas células e se acumula no sangue. Esse excesso de açúcar machuca a parede das artérias, favorecendo as doenças cardiovasculares e as neuropatias. A obesidade e o stress estão entre os principais fatores de risco para o diabetes tipo 2. O excesso de células adiposas barra a entrada de glicose nas células. O stress, por sua vez, favorece a produção do hormônio adrenalina, que ajuda a inibir a ação da insulina. Ou seja, sobra açúcar no sangue.
COLESTEROL E HIPERTENSÃO
Mulheres sob pressão
Os diagnósticos de hipertensão e o colesterol alto são mais comuns entre as mulheres brasileiras. Quando se analisa a relação entre os sexos por faixa etária, chama atenção a taxa de incidência dessas doenças entre os mais jovens. De acordo com o levantamento do Ministério da Saúde, a incidência de um dos dois distúrbios em mulheres entre 18 e 44 anos é, em média, 1 ponto porcentual maior do que nos homens da mesma idade. "Mesmo baixa, essa diferença surpreende. Nessa fase, não há explicação biológica para que as mulheres sejam mais acometidas por essas doenças", diz o cardiologista Ibraim Masciarelli, do Hospital do Coração, em São Paulo. Dados internacionais mostram, por exemplo, que tanto a hipertensão quanto o colesterol alto têm se alastrado entre as mulheres, mas não a ponto de fazê-las ultrapassar os homens. A cada mulher com distúrbios cardiovasculares provocados ou pelo colesterol alto ou pela hipertensão, há três homens com o mesmo problema. A justificativa para, no Brasil, o volume de diagnósticos ser maior no sexo feminino pode ser de ordem comportamental. "Ao que tudo indica, as brasileiras cuidam mais da saúde do que os homens e, por isso, descobrem mais facilmente a existência dessas doenças", diz Masciarelli.
Depois da menopausa, as curvas masculina e feminina da incidência de hipertensão e colesterol alto se afastam ainda mais. Com a queda na produção do hormônio estrógeno, a mulher se torna naturalmente mais vulnerável às duas doenças. O estrógeno, hormônio produzido pelos ovários, é um dos maiores aliados do coração – e, portanto, inimigo do colesterol alto e da hipertensão. De um lado, o hormônio influencia diretamente na conversão da gordura dos alimentos em colesterol. Ele estimula a fabricação do HDL, o colesterol bom, e reduz a de LDL, o ruim. Em excesso, o LDL contribui para a formação das placas de gordura que entopem as artérias – 40% das mortes por infarto e derrame estão relacionadas ao colesterol alto. O estrógeno é também um potente vasodilatador. A falta do hormônio feminino pode desencadear o estreitamento das artérias e veias. A diminuição no calibre dos vasos, por sua vez, dificulta a chegada de oxigênio a todos os órgãos do corpo. É o primeiro passo para infartos e derrames. Para se ter uma idéia, a hipertensão está associada a 40% das mortes por infarto.
Fonte: VEJA Nº2050/03.03.2008