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14.4.08

BIOCOMBUSTÍVEIS X HUMANIDADE...

ONU diz que biocombustíveis são crime contra a humanidade
France Presse, em Berlim
Folha Online


14.04.2008
A produção em massa de biocombustíveis representa um crime contra a humanidade por seu impacto nos preços mundiais dos alimentos, declarou nesta segunda-feira o relator especial da ONU (Organização das Nações Unidas) para o Direito à Alimentação, o suíço Jean Ziegler.
Os críticos dessa tecnologia argumentam que o uso de terras férteis para cultivos destinados a fabricar biocombustíveis reduz as superfícies destinadas aos alimentos e contribui para o aumento dos preços dos mantimentos.
Ziegler pediu ao FMI (Fundo Monetário Internacional) que mude suas políticas sobre os subsídios agrícolas e deixe de apoiar apenas programas destinados à redução da dívida.
Segundo ele, a agricultura também deve ser subsidiada em regiões onde se garanta a sobrevivência das populações locais.
Segundo reportagem da BBC Brasil, o presidente do Bird (Banco Mundial), Robert Zoellick, e o diretor do FMI, Dominique Strauss-Kahn,
defenderam neste domingo (13) a adoção de medidas urgentes para conter a atual inflação de alimentos.
"Temos agora que colocar nosso dinheiro onde está a nossa boca, para que possamos colocar comida em bocas famintas", disse Zoellick, usando uma expressão idiomática da língua inglesa que significa algo como não ficar apenas no discurso, mas tomar uma ação.
Os comentários dos dois líderes foram feitos na entrevista coletiva que marcou o encerramento da reunião de primavera do FMI e do Bird, em Washington, neste domingo.
Preocupação
A preocupação com a recente alta dos preços dos alimentos e o forte crescimento da demanda no mercado mundial foi tema de declarações de uma série de órgãos internacionais ao redor do mundo na semana passada.
Na quinta-feira (10), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, durante viagem à Holanda, que os recentes aumentos nos preços dos alimentos indicam que é
necessário produzir mais em nível mundial, mas que não se pode culpar o investimento nos biocombustíveis pela pressão nos preços.
No dia seguinte (11), Lula voltou ao assunto ao afirmar que a elevação dos preços dos alimentos é
"inflação boa", que "convoca" os países a produzir mais e atender à demanda por alimentos no mundo. "A inflação sobre os alimentos é decorrente do fato de que as pessoas estão comendo mais", disse Lula. "Ora, na medida em que mais gente começa a comer carne, produtos de soja, trigo... se a produção de alimentos não aumentar, obviamente que nós vamos ter inflação."
No mesmo dia, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse, em Washington, que acredita que o
Brasil poderá se beneficiar da alta mundial de preços de alimentos. Segundo Mantega, a inflação alimentar "tem o lado ruim, de aumento de custo de alimentos, mas o lado bom, que é o do choque de oferta". De acordo com o ministro, o Brasil se encontra em uma posição privilegiada, porque tem muitas terras agrícolas.
Também de manifestaram sobre o assunto na semana que passou o primeiro-ministro britânico,
Gordon Brow, a ONU (Organização das Nações Unidas), o FMI (Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial e o representante da FAO (Organização da ONU para a Agricultura e Alimentação) para América Latina e Caribe, José Graziano.



Brasil prepara defesa ampla do etanol
Raquel Ulhôa
Valor Econômico
14.04.2008
Para enfrentar a onda de rejeição ao uso dos biocombustíveis na Europa, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende montar um contra-ataque, sustentado principalmente por uma rede de informações maciça. A estratégia envolve não só órgãos governamentais, mas também empresários brasileiros do setor sucroalcooleiro, interessados em atrair investimentos europeus.
O usineiro Maurílio Biagi, um dos maiores do país e dirigente da Unica, que acompanhou Lula na viagem para a Holanda, diz que essa é uma luta de Davi contra Golias, "porque existe uma hipocrisia muito forte com relação ao etanol". "Nunca vamos ter uma estrutura para conseguir combater essa grande onda, que vem de uma hipocrisia muito forte. Nenhuma crítica é justificada. Nem a ambiental, nem a social, nem a econômica".
A Unica - a associação paulista do setor - já tem um escritório em Washington, trabalhando para difundir informações sobre o etanol e abriu recentemente um escritório em Bruxelas, onde funciona a Comissão Européia, para fazer essa ponte direta com os europeus.
"Deveríamos ter essa estratégia de informação junto à Comunidade Européia", defendeu o dirigente da Unica. "Hoje vivemos uma civilização do petróleo. Quando surge uma coisa nova, a reação é enorme. Somos o único país do mundo em que o consumidor pode chegar à bomba e escolher entre um combustível fóssil, que é a gasolina, ou renovável, que é o álcool. E normalmente opta pelo álcool, porque custa quase a metade. Nós conseguimos, com o combustível alternativo, concorrer com o fóssil, o que era inimaginável anos atrás."
A preocupação de Lula com a crescente resistência ao etanol na Europa esteve presente em todos os seus discursos e conversas na Holanda. Governo e empresários holandeses deixaram claro ao presidente brasileiro que o mercado europeu só se abrirá para o biocombustível se ele obtiver uma certificação de que sua produção é ecológica e socialmente correta. Lula pediu a colaboração dos holandeses para elaborar os critérios e formatar essa certificação.
Ao encerrar o seminário "Brasil-Países Baixos, Oportunidades de Negócios", Lula fez uma pregação das vantagens do etanol como fonte energética alternativa ao petróleo e convidou os holandeses a "renovar a aposta na cana e nos biocombustíveis brasileiros". Ele disse aos empresários que acusar a produção de biocombustíveis como responsável pelo aumento da inflação é "uma falácia, uma mentira deslavada". E repetiu à exaustão, ao governo holandês e aos investidores, que, no Brasil, é possível compatibilizar a produção da cana com a de alimento.
O ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, voltou otimista da viagem porque, segundo ele, toda a resistência ao etanol resulta de desinformação. Ele recebeu a determinação do presidente de criar uma força-tarefa - com os ministérios do Meio Ambiente, Agricultura e Desenvolvimento Agrário - para montar essa estratégia de informação, que visa principalmente a convencer a opinião pública européia.
Os vilões são os alimentos
Carta Capital num. 0491
12.04.2008
A inflação medida pelo IPCA, índice de referência para o sistema de metas, subiu 0,48% em março e ouriçou os falcões do mercado financeiro. A alta ficou acima da prevista por analistas e praticamente condenou o Banco Central a cumprir as ameaças da última Ata do Copom de elevar a taxa básica de juro, hoje em 11,25% ao ano, no próximo encontro do Comitê, na terça-feira 15 e quarta 16. Isso porque, no acumulado em 12 meses, a inflação está em 4,73%, acima do centro da meta (4,5%).
O principal motivo para o aumento foram os preços dos alimentos, que avançaram 0,89% em março. Segundo a coordenadora de Índices de Preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, a crescente demanda mundial por comida, especialmente em países emergentes, explica em grande parte a inflação brasileira, uma vez que tais produtos são commodities, com cotação nas bolsas internacionais.
Uma alta do juro agora seria um balde de água fria nos empresários, que colocariam o pé no freio dos investimentos. Justamente em um momento de franca expansão, o que asseguraria o comportamento dos preços nos futuros. Em 2007, por exemplo, o Produto Interno Bruto (PIB) do País cresceu 5,4% e os investimentos deram um salto de 13,4%.
No mais, de acordo com o modelo seguido pelo BC, existe um intervalo de 2 pontos porcentuais para cima ou para baixo do centro da meta. Há um choque externo, o que justificaria o uso da prerrogativa das bandas cambiais. Ou seja, na pior das hipóteses, não seria nenhum pecado capital a inflação atingir até 6,5% neste ano.
Só que o nome do jogo é outro. O BC ameaçou, o mercado comprou a idéia de que o Copom vai ser durão e as projeções dos juros futuros já embutem uma alta entre 0,25 e 0,5 ponto porcentual na taxa Selic, na quarta 16. Desta vez, porém, o clima político em Brasília não está tão condescendente com Henrique Meirelles. Fontes ouvidas por CartaCapital confiam que, se o juro subir, cabeças vão rolar. A conferir.