Festival de Cinema de Gramado - 2007
A mostra competitiva apresentou algumas surpresas, mas os vencedores, com exceção do melhor filme, não surpreenderam o público, que até reagiu com vaias assim que a principal categoria foi anunciada.
Apesar de ter ganhado o prêmio principal, Castelar e Nelson Dantas no País dos Generais não se destacou em outras categorias. A maior parte dos prêmios foi para Deserto Feliz, filme de Paulo Caldas que fala sobre tráfico de animais e prostituição infantil.
O longa pernambucano recebeu os kikitos de melhor diretor, melhor fotografia, melhor diretor de arte, melhor música, o prêmio da crítica e o melhor filme de júri popular.
Ingra Liberato também se consagrou no festival de Gramado, ganhando o prêmio de melhor atriz por seu papel em Valsa Para Bruno Stein, em que ela contracena com Walmor Chagas. No palco, ela agradeceu o convite do diretor Paulo Nascimento.
Gustavo Machado ganhou o prêmio de melhor ator por sua atuação em Olho de Boi, de Hermano Penna, mas não pôde comparecer ao evento porque estava trabalhando na cidade de São Paulo.
No quesito filme estrangeiro, quem se destacou foi o longa uruguaio El Baño de Papa, que conta a história de Beto, um homem que nos anos 80 decide construir um banheiro em frente à sua casa para a visita do Papa João Paulo II à cidade de Melo, no Uruguai. A produção ganhou seis Kikitos, entre eles o de melhor roteiro e melhor filme pelo júri popular.
ApresentaçãoJosé Wilker encabeçou a apresentação dos vencedores no 35º Festival de Cinema de Gramado. A premiação contou com os anfitriões Danton Mello, Luiza Tomé, Márcio Kieling, Dado Dolabella e Julia Lemmertz, que apresentou as principais categorias.
Durante a premiação, palhaços da oficina Tholl, em Porto Alegre, fizeram performances acrobáticas para o público do lado de fora. Eles apresentaram as primeiras categorias e tiveram suas imagens transmitidas no palácio.
A festa de encerramento teve um momento polêmico. Um manifestante, Elias Vidal Sobrinho, invadiu o palco para tentar protestar contra a prefeitura. Ele alega que é o criador do projeto "caminho da fama", uma espécie de calçada da fama montada na cidade.
Última noite
Confira a lista dos vencedores na íntegra:
Melhor Filme: Castelar e Nelson Dantas no Pais dos Generais, de Carlos Prates
Melhor Diretor: Paulo Caldas, pelo filme Deserto Feliz
Melhor Ator: Gustavo Machado, pelo filme Olho de Boi
Melhor Atriz: Ingra Liberato, pelo filme Valsa para Bruno Stein
Melhor Roteiro: Marcos Cesana, pelo filme Olho de Boi
Melhor Fotografia: Paulo Jacinto dos Reis, pelo filme Deserto Feliz
Prêmio Especial do Júri: Condor, de Roberto Mader
Prêmio Qualidade Artística: Victor Biglione, pelo filme Condor
Melhor Diretor de Arte: Moacyr Gramacho, por Deserto Feliz
Melhor Música: Erasto Vasconcelos e Fábio Trummer, por Deserto Feliz
Melhor Montagem: Carlos Prates, Castelar e Nelson Dantas no País dos Generais
Prêmio da Crítica: Deserto Feliz, de Paulo Caldas
Melhor Filme do Júri Popular: Deserto Feliz, de Paulo Caldas
Filmes estrangeiros:
Melhor Filme estrangeiro: Nacido y Criado, de Pablo Trapero
Melhor Diretor de filme estrangeiro: Pablo Trapero, de Nacido y Criado
Melhor Ator de filme estrangeiro: César Trancoso, de El Baño del Papa
Melhor Atriz de filme estrangeiro: Virginia Mendéz, de El Baño del Papa
Melhor Roteiro de filme estrangeiro: Enrique Fernandez e César Chalone, de El Baño de Papa
Melhor Fotografia de filme estrangeiro: Bill Neito, de Nacido y Criado
Prêmio Especial do Júri de filme estrangeiro: Paul Leduc, de Cobrador
Prêmio Excelência de Linguagem Técnica em filme estrangeiro: El Baño del Papa, de Enrique Fernández e César Charlone
Prêmio da Crítica em filme estrangeiro: El Baño del Papa, de Enrique Fernández e César Charlone
Melhor Filme estrangeiro, pelo júri popular: El Baño del Papa, de Enrique Fernández e César Charlone
Danilo Lima
O documentário Castelar e Nelson Dantas no país dos generais ganhou o Kikito de melhor filme na 35ª edição do Festival de Cinema de Gramado, cuja cerimônia de encerramento aconteceu na noite deste sábado no Palácio dos Festivais, centro da cidade.
Carlos Alberto Prates Corrêa
Cineasta de Moc ganha prêmio nacional
O cineasta montes-clarense Carlos Alberto Prates Correia - um dos 150 montes-clarenses mais ilustres da história, segundo leitores de O Norte - acaba de ser premiado com o filme-documentário Castelar e Nelson Dantas no país dos generais, que foi o grande vencedor do 35º Festival de Cinema de Gramado. Carlos Alberto Prates Correia é também diretor de filmes geniais como Perdida, Noites do Sertão, Minas Texas e Cabaré Mineiro, entre outros.
Foto acima: O diretor Carlos Alberto Prates Correia em 1970, nas filmagens de Crioulo Doido, seu primeiro longa.
Realizando cinco longas-metragens em20 anos, de Crioulo Doido em 1970 a Minas Texas em 1990, o mineiro Carlos Alberto Prates Correia deixou marca indelével na história do cinema brasileiro.
Ao realizar Perdida (1975), o diretor consolida o traço característico da sua filmografia: Montes Claros e cidades vizinhas passam a constituir o centro do seu universo ficcional. Mesmo vivendo no Rio de Janeiro, Carlos Alberto sempre retornará à cidade natal para filmar suas obras seguintes. Com Cabaré Mineiro (1980) - título de um poema de Carlos Drummond de Andrade, cantado no filme -, Carlos Alberto Prates Correia radicaliza suas experimentações formais. Abandona a narrativa tradicional dos filmes anteriores, fragmentando o tempo em que um homem, aventureiro e jogador, visita uma série de cabarés no interior mineiro. O filme causou sensação no Festival de Gramado de 1980, recebendo os kikitos de melhor filme e direção.