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27.3.08

COCA-COLA ZERO E A PROPAGANDA DE PERMISSÃO

Autor: Ariel Gajardo
Como escrevi aqui, esta ação também deu muito mas vida ao conceito da campanha e interagiu com o target. A mecânica é simples: você ganha um piercing com o logo da Coca-Cola Zero e é convidado a furar sua língua, na faixa, apenas tendo que postar a sua foto. Os comentários, bem como as nomeclaturas criadas (a Espalhe, responsável por tudo, chamou de Advertasting, Michel Lent de CGA Extreme), já mostram como a ação é impactante.
Mais que tentar explicar, basta acessar o Flickr Picasa (cocacolazero.com.br/linguapatrocinada) da campanha e atestar o sucesso da ação. Aliás, nem quero entrar no mérito da qualidade. Para mim, a ação é irretocável, o que dá para sentir também pelo buzz gerado em torno dela. Assim sendo, Daniel da Hora, no Update or Die, levantou a bola para um questionamento muito pertinente ao escrever sobre a ação: até onde vai o limite da propaganda e o quão tênue ele tornou-se nos dias de hoje? O assunto rende, basta dar uma lida nos comentários do seu post.
Kit recebido pelo Rafael Ziggy: camisa, vale perfuração com o piercing e ainda um display com uma língua gigante feita em cyberskin.

Quando apareceram há um tempo atrás pessoas que se disponibilizavam a tatuar logotipos de marcas nos seus corpos, as mesmas dúvidas pipocaram. Inquietações parecidas brotam também com episódios como a Lei Cidade Limpa, que varreu toda a mídia exterior de São Paulo e deixou alguns publicitários parecendo o time do Botafogo depois da final da Taça Guanabara. Afinal, o limite da comunicação comercial não pode ser tocado, puxado ou esticado. Ele só existe nas nossas cabeças, influenciado por milhões de fatores como a ética, a moral, a responsabilidade social… a verba do cliente, o público-alvo, os objetivos da campanha… O que nos resta apenas é debater e debater.
Eu, numa visão bem pessoal e totalmente livre para ser questionada, não consigo comparar essa ação da Coca-Cola com uma propaganda que beira algum limite do consciente ou inconsciente. Ela está longe de algo que possa parecer intransigente ou ofensivo. É “invasiva”, num certo ponto de vista fisiológico, talvez. Mas como escreveria Seth Godin, ela é 100% permissiva, e por isso tem todos os méritos. Uma marca envolvendo o target de uma forma que para alguns pode causar ojeriza pela radicalidade, mas que é totalmente inquestionável quando jogamos luz na capacidade de deixar as pessoas livres a irem espontaneamente furar as suas línguas, baterem fotos e postarem a sua atitude para todos.


Há de se impor, sim, certos limites para a propaganda. Excesso de painéis que poluem visualmente as cidades, comerciais de TV que subestimam a inteligência das pessoas ou anúncios que subjulgam qualquer raça, sexo, cor ou credo. Agora, uma ação em que você deixa na mão do consumidor a interação com a marca - longe dos já irritantes “faça um vídeo e mande para a gente!” - oferecendo a ele apenas um motivo muito especial para participar, para mim, é fantástico. Rompe apenas os limites da pachorra criativa da concorrência.
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