
Raphael ReysO notável Tico Lopes, músico, homem show, benzefala, instrumentista de cordas, filho de santo da linha Ogum Megê, e que toca instrumentos desde o cavaquinho até o agogô dos orixás, vinha de uma farra altas horas da noite acompanhado do músico Rui Queiros, o homem do bongô.
Rasgaram o silencio da noite em uma serenata regada à cachaça Viriatinha.
Ao passarem pela rua Irmã Beata, no centro, Tico, sabedor de que o escritor Georgino Junior( filho do coronel Georgino) deixava sempre no alpendre da sua casa, balas de canela, para refrescar a boca dos notívagos que por ali transitassem, entrou e apanhou um punhado de petiscos.
Rui Queiros estando de fogo pergunta: Ué Tico, o que você está fazendo no alpendre do coronel Georgino? Tico responde ainda de costas: apanhando umas balas! Rui indaga usando a analogia de ser aquela a casa de um coronel de polícia: de que calibre é?
Transcorria o velório do coronel Lopinho, conhecido líder político do Partido Republicano ao lado do Automóvel Clube quando Tico e Didú Tourinho chegam para aproveitar os lautos comes e bebes, numa madrugada fria. A dupla de glutões marcava presença no gerúndio do verbo comer. O negócio era não ficar deprê.
Como o coronel era de estatura pequena e magro, consequentemente o caixão era do tamanho infantil três, Tico fala ao ouvido de Didú: êta caixãozinho pequeno! Didú entregue aos seus próprios pensamentos acaba sem querer falando bastante alto: aí tombou o velho jequitibá! Em seguida bateu-se em retirada, pois, estavam pegando mal.
Certa vez, sabedores de que na sentinela do industrial Mark Oliffson rolava farta comilança a dupla foi chegando, já com os sucos gástricos excitados. Eram adeptos da filosofia de François Gaston: não adianta marcar encontro com o passado. A deles era com o presente.
Didú de frente ao corpo do de cujus e sabedor que o empresário era fumante de boas cigarrilhas francesas e bons charutos cubanos e usando a sua analogia de comparar tudo com futebol acaba, sem querer, falando alto na presença dos parentes e amigos do falecido: cada tragada que ele deu, era uma bicuda de Nelinho no pulmão!
Tornando explícita a causa mortis do velado potencializou então as emoções dos presentes irrompendo assim choros convulsivos, de familiares e amigos presentes no que a dupla gramou o beco de volta para casa.
Já na rua, Didú quebrando o silêncio da noite grita a seu modo: Tico Lopes dois, Didú três! Tico Lopes dois, Didú três! Tico Lopes dois, Didú três! Tico Lopes dois, Didú três! Em seguida para e pergunta: Tico, eu estou repetitivo... Repetitivo... Repetitivo... Repetitivo... Repetitivo?
Tico e Haroldo Cabaret, irmão de Didú comeram muito acarajé próximo ao terreiro de Mãe Menininha do Gantois em Salvador. Acometido de cólica, Cabaret agacha em um canto de muro em uma encruzilhada. Chega um filho de santo da casa e pergunta: Ôxem! O que o mineirinho está fazendo no muro de Pai Pequeno? Cabaret responde na bucha: arriando o barro!
O cambona de santo, na maior baianês conclui: o que é comido na Bahia dos Orixás é arriado na Bahia dos Orixás!
Rasgaram o silencio da noite em uma serenata regada à cachaça Viriatinha.
Ao passarem pela rua Irmã Beata, no centro, Tico, sabedor de que o escritor Georgino Junior( filho do coronel Georgino) deixava sempre no alpendre da sua casa, balas de canela, para refrescar a boca dos notívagos que por ali transitassem, entrou e apanhou um punhado de petiscos.
Rui Queiros estando de fogo pergunta: Ué Tico, o que você está fazendo no alpendre do coronel Georgino? Tico responde ainda de costas: apanhando umas balas! Rui indaga usando a analogia de ser aquela a casa de um coronel de polícia: de que calibre é?
Transcorria o velório do coronel Lopinho, conhecido líder político do Partido Republicano ao lado do Automóvel Clube quando Tico e Didú Tourinho chegam para aproveitar os lautos comes e bebes, numa madrugada fria. A dupla de glutões marcava presença no gerúndio do verbo comer. O negócio era não ficar deprê.
Como o coronel era de estatura pequena e magro, consequentemente o caixão era do tamanho infantil três, Tico fala ao ouvido de Didú: êta caixãozinho pequeno! Didú entregue aos seus próprios pensamentos acaba sem querer falando bastante alto: aí tombou o velho jequitibá! Em seguida bateu-se em retirada, pois, estavam pegando mal.
Certa vez, sabedores de que na sentinela do industrial Mark Oliffson rolava farta comilança a dupla foi chegando, já com os sucos gástricos excitados. Eram adeptos da filosofia de François Gaston: não adianta marcar encontro com o passado. A deles era com o presente.
Didú de frente ao corpo do de cujus e sabedor que o empresário era fumante de boas cigarrilhas francesas e bons charutos cubanos e usando a sua analogia de comparar tudo com futebol acaba, sem querer, falando alto na presença dos parentes e amigos do falecido: cada tragada que ele deu, era uma bicuda de Nelinho no pulmão!
Tornando explícita a causa mortis do velado potencializou então as emoções dos presentes irrompendo assim choros convulsivos, de familiares e amigos presentes no que a dupla gramou o beco de volta para casa.
Já na rua, Didú quebrando o silêncio da noite grita a seu modo: Tico Lopes dois, Didú três! Tico Lopes dois, Didú três! Tico Lopes dois, Didú três! Tico Lopes dois, Didú três! Em seguida para e pergunta: Tico, eu estou repetitivo... Repetitivo... Repetitivo... Repetitivo... Repetitivo?
Tico e Haroldo Cabaret, irmão de Didú comeram muito acarajé próximo ao terreiro de Mãe Menininha do Gantois em Salvador. Acometido de cólica, Cabaret agacha em um canto de muro em uma encruzilhada. Chega um filho de santo da casa e pergunta: Ôxem! O que o mineirinho está fazendo no muro de Pai Pequeno? Cabaret responde na bucha: arriando o barro!
O cambona de santo, na maior baianês conclui: o que é comido na Bahia dos Orixás é arriado na Bahia dos Orixás!





Os três causos abaixo são de autoria de Bala, meu dileto amigo. Leiam mais no seu site > http://www.augustovieira.trix.net/
DIDU
Era um sábado. Didu acorda numa ressaca brava e vai ao boteco de Pedro Babão, onde uma turma já bebia desde o meio-dia. Pedro tinha horror a dentista, e seus dentes pretos, cariados, provocavam-lhe gosma nos cantos da boca, daí o apelido.
Didu cheiroso, roupa impecável, cabelos molhados pelo recente banho, entra no bar, senta-se com a turma e diz, enfático, a todos:
— A despesa de hoje é minha!
Ao anoitecer, Pedro apresenta-lhe a “dolorosa”, na qual ele passa uma vista d’olhos e pede para assinar.
Pedro Babão, responde:
— Que assiná qual é o quê, quero é minha grana. Ainda vou fazer feira no mercado...
Didu não perde a calma:
— Ô, Pedro, vá segunda-feira ao consultório de meu pai, que ele paga. Ele nunca deixa de pagar uma nota assinada por mim.
— Não, eu quero é o dinheiro!
A turma, sentindo o estado emocional de Pedro Babão, que insistia em receber a grana, resolve pagar.
Didu não gosta e, mirando as crateras dos dentes do dono do boteco, fulmina:
— Olha aqui, Pedro Babão, segunda-feira vou trazer um saco cheinho de cocada baiana pra você comer...
Babão avança sobre Didu, querendo briga, mas a turma o segura.
Didu, então, arremata:
— E de sobremesa, um litro de água estupidamente gelada...
E saiu do bar, deixando Pedro babando de raiva.
Era um sábado. Didu acorda numa ressaca brava e vai ao boteco de Pedro Babão, onde uma turma já bebia desde o meio-dia. Pedro tinha horror a dentista, e seus dentes pretos, cariados, provocavam-lhe gosma nos cantos da boca, daí o apelido.
Didu cheiroso, roupa impecável, cabelos molhados pelo recente banho, entra no bar, senta-se com a turma e diz, enfático, a todos:
— A despesa de hoje é minha!
Ao anoitecer, Pedro apresenta-lhe a “dolorosa”, na qual ele passa uma vista d’olhos e pede para assinar.
Pedro Babão, responde:
— Que assiná qual é o quê, quero é minha grana. Ainda vou fazer feira no mercado...
Didu não perde a calma:
— Ô, Pedro, vá segunda-feira ao consultório de meu pai, que ele paga. Ele nunca deixa de pagar uma nota assinada por mim.
— Não, eu quero é o dinheiro!
A turma, sentindo o estado emocional de Pedro Babão, que insistia em receber a grana, resolve pagar.
Didu não gosta e, mirando as crateras dos dentes do dono do boteco, fulmina:
— Olha aqui, Pedro Babão, segunda-feira vou trazer um saco cheinho de cocada baiana pra você comer...
Babão avança sobre Didu, querendo briga, mas a turma o segura.
Didu, então, arremata:
— E de sobremesa, um litro de água estupidamente gelada...
E saiu do bar, deixando Pedro babando de raiva.
MÁRIO TOURINHOMário Tourinho Filho, grande “Pão Véio”, era também poeta e compositor. Num dos carnavais, no bar do Zim Bolão, fez uma música com a seguinte letra:
Este ano vou pedir Papai Noel
A lua cheia de pinga só pra mim
Papai Noel é um cara legal
Me dá cachaça pr’eu pular meu carnaval.
Sobre a Rua Simião Ribeiro, Mário poetou e fez música em parceria comigo:
A Rua Simião Ribeiro
É a Rua do meu coração
Pois além do Roque Camiseiro
Tem o Bar do Zim Bolão.
Eu vou mudar o nome dessa rua
Pra Rua da Felicidade
Pois ali a gente senta a pua
Naqueles que não gostam da cidade.
Este ano vou pedir Papai Noel
A lua cheia de pinga só pra mim
Papai Noel é um cara legal
Me dá cachaça pr’eu pular meu carnaval.
Sobre a Rua Simião Ribeiro, Mário poetou e fez música em parceria comigo:
A Rua Simião Ribeiro
É a Rua do meu coração
Pois além do Roque Camiseiro
Tem o Bar do Zim Bolão.
Eu vou mudar o nome dessa rua
Pra Rua da Felicidade
Pois ali a gente senta a pua
Naqueles que não gostam da cidade.
FERNANDO GONTIJOMeu amigo Fernando Augusto Barcellos e Gontijo, o “Galego”, que gostava de dizer que eu era um advogado de “notável saber jurídico e reputação ilibada”, foi o maior lateral direito do futebol de minha terra. Só não quis se profissionalizar.
Quando éramos meninos, na faixa dos treze anos, eu era da Congregação Mariana, do Padre Dudu. Após o consentimento de nosso grande Diretor Espiritual, convidei Fernando Gontijo para ingressar no grupo e ele aceitou. As reuniões se realizavam às seis e trinta da manhã, aos domingos, antes da missa das sete, na nossa Matriz.
Lá estávamos todos e, após rezarmos, ouvimos a pregação dominical do Padre Dudu, que terminou dizendo:
— Vocês têm alguma pergunta?
Fernando Gontijo levanta o dedo e fala:
— Padudu, bater punheta é pecado?
Nem sei o que aconteceu depois. Deu um branco...
Quando éramos meninos, na faixa dos treze anos, eu era da Congregação Mariana, do Padre Dudu. Após o consentimento de nosso grande Diretor Espiritual, convidei Fernando Gontijo para ingressar no grupo e ele aceitou. As reuniões se realizavam às seis e trinta da manhã, aos domingos, antes da missa das sete, na nossa Matriz.
Lá estávamos todos e, após rezarmos, ouvimos a pregação dominical do Padre Dudu, que terminou dizendo:
— Vocês têm alguma pergunta?
Fernando Gontijo levanta o dedo e fala:
— Padudu, bater punheta é pecado?
Nem sei o que aconteceu depois. Deu um branco...
O amigo Marcelo Godoy anda pelas nederlands há quase três décadas. Volta e meia retorna ao berço. Estivemos juntos em agosto, ocasião em que ele veio rever os amigos e familiares e apresentar-se em um dos shows das festas dos catopês. Soube que Cori e eu estamos de parceria em algumas canções, lembrei-me dele outro dia, da sua anunciada turnê pelo continente africano, e enviei-lhe o seguinte e-mail: From: "hatour" To: "pacui" Subject: Pérola Negra... Date: Mon, 10 Sep 2007 12:02:26 -0300 Meu caro MG, Nós dois em África, surubando com três nativas, foi o sonho que tive ontem. Saciado, deitado na areia nua sob um coqueiral, eis que me cai na telha um côco. Atordoado, acordei, olhei em volta, caí em mim,pensei: dá samba... Não deu outra: Cori tá musicando a letra que vc vai ler e que saiu de um jacto, just a take. Abraços, Cabaret.
PÉROLA NEGRA
PÉROLA NEGRA
Pérola negra da Nigéria
Fui ao golfo te pescar
Ioruba em Amsterdam
Nas águas do Amstel
Quero muito te amar
Cantar, tocar bongô, pandeiro, viola,
Cuíca, agogô, berimbau
Você me ensina nagô, nêga
Eu te ensino flamengo
Você me passa seu dengo
Eu te inundo de amor
Você, Yoko; eu, João
Paz, amor, rio, mar, mel,
Flor, vida, sonho, gozo, lua, céu
Segundo Bastos e Beto
Palavras boas de cantar
Meu tempêro de Guiné
Meu chêro, meu mugunzá
Meu adereço, amuleto
Quero muito te amar
Resposta:
De: Marcelo Godoy
Data: 13/09/07 07:58
Assunto: RE: Pérola Negra...
Boa letra Kayb's
Sobe até pau.
Abraço, M.