"Não pergunte o que seu país pode fazer por você.
Pergunte o que você pode fazer por seu país"
KENNEDY, John F.
JOSÉ CORRÊA MACHADO nasceu em Montes Claros, MG, no dia 28 de outubro de 1933

. Faleceu na mesma cidade aos 14 de fevereiro de 1999. Filho caçula do casal José Corrêa Machado e Gabriela Prates Costa, teve como fato marcante na data do nascimento o falecimento do pai, de quem herdou e honrou o nome ao longo de sua trajetória de vida. O pai, advogado, cidadão dos mais ilustres de Montes Claros, líder de diversas iniciativas públicas na sua época, eleito vereador chegou à presidência da Câmara e, quando da revolução de 1930, a prefeito municipal. A mãe, dona Bela, viúva ainda nova, viu-se repentinamente à frente de numerosa prole, assumiu as lides rurais administrando a fazenda Carrapato, propriedade da família, depois a parte que lhe coube por herança, denominada Mangues. Bebela, como a chamavam os íntimos, teve com o marido dez filhos: Múcio, Célia, Dália, Marta, Décio, Terezinha, Ruy, Lúcia, Ernesto e José.
Machado viveu infância feliz, sempre a brincar com irmãos, amigos e primos nos quintais da Montes Claros de então ou na fazenda dos Mangues e nas chácaras João Congo e Vargem Grande, dos seus tios Jair Oliveira (dona Sinhá) e Joaquim Costa (dona Elisa), a quem adorava. Adolescente, passou a trabalhar com o cunhado, Antônio Rodrigues (Célia Machado), proprietário da refinada loja de artigos masculinos A Primavera. Dona Bela Costa, com oito filhos para criar (Marta e Ernesto haviam falecido ainda crianças), não podia e não dava moleza.
Machado cursou o primário no colégio Imaculada Conceição e o secundário no ginásio Diocesano. Mudou-se para Belo Horizonte e concluiu o científico no colégio Marconi. A faculdade de Arquitetura da Universidade Minas Gerais (UMG), onde colaria grau em 1961, foi o próximo passo. Viagem da turma de formandos aos Estados Unidos coroou merecidamente os anos de estudo. Ainda universitário prestou serviço militar no CPOR - Centro de Preparação de Oficiais da Reserva -, de onde deu baixa com a patente de tenente.
Após sete anos de namoro-noivado, aos 14 de julho de 1962 o arquiteto José Corrêa Machado casou-se - catedral de Montes Claros - com Layce Costa Tourinho, graduada em História pela PUC/MG, que passou a se chamar Layce Tourinho Corrêa Machado. O jovem casal residia em Belo Horizonte.
Sócio da construtora Casagrande, com sede na capital mineira, juntamente como o irmão Décio Machado e o colega Fajardo Vasconcelos, também arquitetos, cabe assinalar como principais obras da construtora à época o projeto - premiado - da faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia e, também por concurso, o do campus e edificações da Universidade Federal de Viçosa, MG.
Machado e Layce mudaram-se para Montes Claros em 1964. Ela relutara em deixar suas aulas de História em colégio de Belo Horizonte, mas ele lhe disse que só ficariam na cidade até o término da construção do Frigonorte, obra de vulto que necessitaria de permanente acompanhamento. Em Montes Claros permaneceriam por longos anos - ele a influir decisivamente no desenvolvimento do município; ela, por seu lado, a ministrar História Contemporânea, desta feita na faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da antiga FUNM (Fundação Universitária do Norte de Minas), da qual fora uma das fundadoras. Transferiu-se depois para a Unimontes, concluiu mestrado em Belo Horizonte e aposentou-se. Mora lá.
Surgiram outros projetos arquitetônicos que levam a assinatura da construtora Casagrande em Montes Claros e região. A relembrar: Cortenorte (curtume), Passonorte (calçados), Glycenorte (produtos químicos), Tok (vestuário), Coteminas (têxtil), Têxtil Paculdino, SIOM (instrumentos de ótica e mecânica), Frigodias (frigorífico em Janauba), edifício da CEMIG, igreja matriz de Bocaiuva, Centro de Educação e Cultura Hermes de Paula, edifício da faculdade de Economia (FADEC) da Unimontes, colégio Imaculada Conceição, clube da Sociedade Rural, Credinor, edifício Herlindo Silveira (rua dr. Santos), sede da loja maçônica Deus e Liberdade (av. Mestra Fininha). Algumas das residências mais elegantes de Montes Claros foram igualmente assinadas pela Casagrande ou pelo próprio Machado.
Como assessor - não remunerado - do prefeito Antônio Lafetá Rebelo, Machado elaborou o projeto e acompanhou - como sempre - a construção do Parque Municipal Milton Prates. Participou efetivamente da comissão nomeada pelo prefeito para a elaboração do Plano Diretor do município, nascendo daí o projeto para a construção da av. dep. Esteves Rodrigues (Sanitária), ideia dele e do engenheiro Ivanildo Fragoso. Anos mais tarde, já como secretário de Planejamento do segundo governo Jairo Ataíde Vieira, viria a projetar a avenida que hoje leva o seu nome.
Machado teve intensa participação em várias áreas da vida do município de Montes Claros. Foi membro do Lyons clube, fundador e presidente da Pavisan, fundador e primeiro presidente da Associação Regional de Engenheiros, Arquitetos e Agronômos (AREA), fundador e presidente da TV Montes Claros, fundador da Sociedade Industrial de Ótica e Mecânica (SIOM), juntamente com o irmão Décio Machado e o francês Marc Oliffson, Vice e presidente da Sociedade Rural de Montes Claros, presidente do conselho administrativo da Sociedade Comercial e Industrial de Montes Claros (ACI), fundador e vice-presidente da Fundação Educacional de Montes Claros (FEMC - Escola Técnica), membro do Conselho Diretor da Fundação Universitária do Norte de Minas (FUNM) e presidente da Cooperativa Agropecuária Regional de Montes Claros (COOPAGRO).
Eleito vereador em 1988 - terceiro mais votado no município -, José Corrêa Machado teve atuação brilhante na oposição ao governo Luís Tadeu Leite e como vice-presidente da constituinte da Lei Orgânica do Município, promulgada a 01 de maio de 1990. Não logrou êxito na reeleição, em 1992. Convidado pelo prefeito reeleito em 1996 , Jairo Ataíde Vieira, a assumir a secretaria municipal de Planejamento, veio a falecer no exercício do cargo, sempre prestando serviço à sua amada cidade natal.
Machado e Layce tiveram os seguintes filhos: Andréa, casada com Bruno Andrade; filhos: Victor e Pedro. Igor, solteiro. Rogério, casado com Juliana Wanderley Alcântara; filhos: Camila e Carolina. Adriana, casada com Lúcio Medeiros; filhos: Luiza e Felipe. Juliana, casada com Tarcísio Vilhena; filhos: Sofia e Lucas.
Machado apreciava as artes em geral e, depois de contemplar os Velázquez do museu do Prado em Madri, este tornou-se seu pintor predileto. Gostava de balé e música erudita, Bach principalmente, e no campo da música popular preferia os americanos Ray Charles, Frank Sinatra, Ella Fitzgerald, Louis Armstrong, além das big bands. Cinéfilo, não lhe importava o gênero, desde que o filme fosse bom. Lia muito, geralmente textos mais leves, como romances. Gostava igualmente de festas e carnaval - chegou a se apaixonar, como telespectador, com a mulata (Valéria Valenssa?) ícone da Globo... Não foi desportista, mas, a conselho do seu geriatra de Belo Horizonte, passou a andar até o Parque Municipal, distante 4km de sua residência. Assistia às Copas do Mundo e delirava com Olimpíadas.
Gourmet e gourmand de primeira linha, Machado bebia moderadamente, de preferência uísque escocês e vinho, se branco da Alsácia, melhor ainda. Ao anoitecer dos dias 25 de dezembro o champanhe francês era sagrado, lembra seu filho Rogério.
À mesa, gostava de comer bem, reclamava da cozinha fosse em que restaurante fosse, ensinava como fazer isso e aquilo e se duvidassem adentrava a cozinha e preparava o prato. Novamente Rogério, que tudo assimilava e, na primeira oportunidade, fez curso de culinária no Rio Grande do Sul, 600 horas-aula, com foco em cozinha italiana, tornando-se Chef.
Amigo dos amigos, exemplo de cidadão, pai enérgico, porém, amoroso e emotivo, Machado deixou saudades e uma extensa folha de serviços prestados à comunidade, que, com o seu relativamente precoce encantamento - aos 65 anos - ficou com uma pergunta no ar: seria o próximo prefeito?...
AGRADECIMENTOS:
Andréa Machado Andrade, Eduardo Machado Tupinambá, Hélio Rossio Ogando, Henrique Costa Tourinho, Maria Inês Macielo de Paula, Raymundo Costa Tourinho, Rogério Tourinho Corrêa Machado e Virgínia Abreu de Paula, sem os quais ser-me-ia impossível concluir esta ligeira biografia.