ONU debate hoje violência policial no Brasil
Soraya Aggege
O Globo
02.06.2008
Relatório diz que polícias são envolvidas com crime organizado no país
SÃO PAULO. A Organização das Nações Unidas (ONU) discute nesta segunda-feira, em Genebra, a violência policial no Brasil. O debate será na abertura de sessão do Conselho de Direitos Humanos e se baseará no relatório preliminar de Philip Alston, relator da ONU para Execuções Sumárias, que esteve no Brasil em novembro. O país pode ser pressionado por descumprir recomendações do organismo sobre direitos humanos.
Como O GLOBO noticiou sábado, o relator acusou as polícias brasileiras de envolvimento com o crime organizado e formação de esquadrões da morte. Para o relator, a polícia é responsável por parte dos 45 mil assassinatos registrados anualmente no país. Alston sugeriu reformas urgentes, tanto nas polícias quanto no sistema de Justiça Criminal do país, por causa dos altos índices de impunidade.
O relator disse que no Rio de Janeiro e em São Paulo apenas 10% dos assassinos vão a julgamento. Em Pernambuco, a taxa é de apenas 3%. O relator propõe ainda uma ampla investigação na atuação das polícias, além de monitoramento das prisões e maiores recursos para os Ministérios Públicos, instituições que elogia no relatório.
Duras críticas à polícia do Rio de Janeiro
ONGs como Conectas, Gajop e Justiça Global enviaram à ONU e às delegações de governos uma carta alertando que o Brasil até agora não implementou as recomendações da entidade. Outras investigações de enviados da ONU já haviam notificado descalabros na segurança.
As organizações destacam que os casos de execuções sumárias pela polícia se agravaram este ano. Elas ressaltam ainda que muitas dessas recomendações não são novas e que o Brasil não lhes dá a devida atenção O relator fez críticas duras ao governo e às autoridades policiais do Rio de Janeiro. Ele atacou mais diretamente as megaoperações em favelas.
REUTERS - 02.06.2008
Soraya Aggege
O Globo
02.06.2008
Relatório diz que polícias são envolvidas com crime organizado no país
SÃO PAULO. A Organização das Nações Unidas (ONU) discute nesta segunda-feira, em Genebra, a violência policial no Brasil. O debate será na abertura de sessão do Conselho de Direitos Humanos e se baseará no relatório preliminar de Philip Alston, relator da ONU para Execuções Sumárias, que esteve no Brasil em novembro. O país pode ser pressionado por descumprir recomendações do organismo sobre direitos humanos.
Como O GLOBO noticiou sábado, o relator acusou as polícias brasileiras de envolvimento com o crime organizado e formação de esquadrões da morte. Para o relator, a polícia é responsável por parte dos 45 mil assassinatos registrados anualmente no país. Alston sugeriu reformas urgentes, tanto nas polícias quanto no sistema de Justiça Criminal do país, por causa dos altos índices de impunidade.
O relator disse que no Rio de Janeiro e em São Paulo apenas 10% dos assassinos vão a julgamento. Em Pernambuco, a taxa é de apenas 3%. O relator propõe ainda uma ampla investigação na atuação das polícias, além de monitoramento das prisões e maiores recursos para os Ministérios Públicos, instituições que elogia no relatório.
Duras críticas à polícia do Rio de Janeiro
ONGs como Conectas, Gajop e Justiça Global enviaram à ONU e às delegações de governos uma carta alertando que o Brasil até agora não implementou as recomendações da entidade. Outras investigações de enviados da ONU já haviam notificado descalabros na segurança.
As organizações destacam que os casos de execuções sumárias pela polícia se agravaram este ano. Elas ressaltam ainda que muitas dessas recomendações não são novas e que o Brasil não lhes dá a devida atenção O relator fez críticas duras ao governo e às autoridades policiais do Rio de Janeiro. Ele atacou mais diretamente as megaoperações em favelas.
REUTERS - 02.06.2008
População do Rio de Janeiro está menos segura, diz ONU
RIO DE JANEIRO (Reuters) - Os habitantes do Rio de Janeiro estão menos seguros, com mais vítimas inocentes da ação policial contra os grupos delinquentes que dominam muitas das favelas da cidade, disse na segunda-feira um relatório da Organização das Nações Unidas.
"A polícia do Rio matou 25 por cento mais pessoas em 2007 que em 2006", disse o Relator Especial do Conselho de Direitos Humanos da ONU sobre Execuções Arbitrárias, Sumárias e Extrajudiciais, Philip Alston.
Ele apresentou um relatório preliminar sobre a situação do Brasil na área do Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra, após visitar o país, a convite do governo, de 4 a 14 de novembro.
Alston centrou o relatório no Estado do Rio de Janeiro, onde afirmou que a polícia foi no ano passado responsável por 18 por cento dos homicídios, "matando uma média de três pessoas por dia".
O funcionário indicou que o "Rio enfrenta enormes problemas com drogas, facções criminais e insegurança em geral. Uma polícia eficaz é uma necessidade crônica".
Ele acrescentou que a principal resposta do governo "consiste em fogos de artifício e mortes", divulgadas como uma política pública de "confronto".
Alston reforçou que a polícia, no combate aos grupos de narcotraficantes que dominam muitas das mais de 600 favelas da cidade, usa a metodologia de operações em grande escala nas quais participam centenas de agentes.
"Mas as operações, invariavelmente, resultam em muitas mortes", afirmou, indicando que analisou de perto uma ação realizada em julho de 2007 no complexo do Alemão, onde a polícia matou 19 pessoas.
Deixando de lado o fato de nenhum governo poder se envolver com assassinatos ilegais, a questão real seria "se essas mortes chegaram aos seus objetivos declarados ou se, essencialmente, mascararam a omissão do governo no controle do crime".
O relatório indicou que a força pública do Rio matou em 2007 25 por cento a mais de pessoas do que no ano anterior, enquanto houve redução de 16,9 por cento na quantidade de armas confiscadas e de 13,2 por cento nas prisões feitas, disse ele. "Os cariocas estão menos seguros, espectadores inocentes são feridos ou mortos em 'confrontos' com a polícia, a polícia fracassou em 'retomar' as favelas dos grupos, o número de delinquentes presos caiu e a quantidade de armas e drogas apreendidas diminuiu", afirmou Alston.
"Resumindo, a estratégia baseada na ação estatal de mortes extrajudiciais falhou totalmente desde todos os pontos de vista", concluiu.
(Por Julio Villaverde)
RIO DE JANEIRO (Reuters) - Os habitantes do Rio de Janeiro estão menos seguros, com mais vítimas inocentes da ação policial contra os grupos delinquentes que dominam muitas das favelas da cidade, disse na segunda-feira um relatório da Organização das Nações Unidas.
"A polícia do Rio matou 25 por cento mais pessoas em 2007 que em 2006", disse o Relator Especial do Conselho de Direitos Humanos da ONU sobre Execuções Arbitrárias, Sumárias e Extrajudiciais, Philip Alston.
Ele apresentou um relatório preliminar sobre a situação do Brasil na área do Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra, após visitar o país, a convite do governo, de 4 a 14 de novembro.
Alston centrou o relatório no Estado do Rio de Janeiro, onde afirmou que a polícia foi no ano passado responsável por 18 por cento dos homicídios, "matando uma média de três pessoas por dia".
O funcionário indicou que o "Rio enfrenta enormes problemas com drogas, facções criminais e insegurança em geral. Uma polícia eficaz é uma necessidade crônica".
Ele acrescentou que a principal resposta do governo "consiste em fogos de artifício e mortes", divulgadas como uma política pública de "confronto".
Alston reforçou que a polícia, no combate aos grupos de narcotraficantes que dominam muitas das mais de 600 favelas da cidade, usa a metodologia de operações em grande escala nas quais participam centenas de agentes.
"Mas as operações, invariavelmente, resultam em muitas mortes", afirmou, indicando que analisou de perto uma ação realizada em julho de 2007 no complexo do Alemão, onde a polícia matou 19 pessoas.
Deixando de lado o fato de nenhum governo poder se envolver com assassinatos ilegais, a questão real seria "se essas mortes chegaram aos seus objetivos declarados ou se, essencialmente, mascararam a omissão do governo no controle do crime".
O relatório indicou que a força pública do Rio matou em 2007 25 por cento a mais de pessoas do que no ano anterior, enquanto houve redução de 16,9 por cento na quantidade de armas confiscadas e de 13,2 por cento nas prisões feitas, disse ele. "Os cariocas estão menos seguros, espectadores inocentes são feridos ou mortos em 'confrontos' com a polícia, a polícia fracassou em 'retomar' as favelas dos grupos, o número de delinquentes presos caiu e a quantidade de armas e drogas apreendidas diminuiu", afirmou Alston.
"Resumindo, a estratégia baseada na ação estatal de mortes extrajudiciais falhou totalmente desde todos os pontos de vista", concluiu.
(Por Julio Villaverde)