29.4.09

BREVE CONSIDERAÇÃO SOBRE O MST*

Sempre procuramos a justa compreensão do problema histórico dos sem-terra, problema de caráter perverso que nos remete ao Abolicionismo e à insensibilidade para a compreensão da esfera social em conflito de tal magnitude.
Joaquim Nabuco*, em obra magistral - O Abolicionismo, l983, preconiza não só a extinção global da escravatura, o que julgava apenas o mínimo, mas exige, também, a reforma agrária e a ajuda ao negro, proporcionando-lhe educação e preparo técnico para os vários tipos de trabalho. Parafraseando o mestre, o Movimento dos Sem-Terra é um protesto contra a triste perspectiva de se ver postergada, indefinidamente, a solução de um problema que não é só de justiça e consciência moral, mas também de previdência política. Ainda com Nabuco, pensamos que a propaganda reformista não deve se dirigir aos sem-terra. Seria uma covardia inepta e criminosa, e, além disso, um suicídio político para o Movimento, incitar à insurreição, ou ao crime, homens e mulheres sem defesa, e que a lei de Lynch, ou a justiça pública, imediatamente haveria de esmagar. O problema dos sem-terra há de ser resolvido pela lei. A violência, o crime, o desencadeamento de ódios acalentados, só pode ser prejudicial ao lado que tem por si o direito, a justiça, a procuração dos oprimidos e os votos da humanidade toda.
*Nota:
JOAQUIM Aurélio Barreto NABUCO de Araújo (
Recife, 19 de agosto de 1849 - Washington, 17 de janeiro de 1910) foi um político, diplomata, historiador, jurista e jornalista brasileiro. Foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras.
Obstinado por uma única causa, a Abolição da Escravatura, Joaquim Nabuco foi uma das figuras mais importantes para o fim da escravidão no país. Dizia: "Como vê, sou um homem de uma só idéia, mas não me envergonho dessa estreiteza mental porque essa idéia é o centro e a circunferência do progresso brasileiro".