De:
">Mario Ribeiro Filho
Para:
"> hatour@bol.com.br
Assunto:
Novo texticulo de dona jacy
Data:
12.02.2009 - 11:22
Olha aí , pessoal, o novo"textículo" de Dona Jacy.
">Mario Ribeiro Filho
Para:
"> hatour@bol.com.br
Assunto:
Novo texticulo de dona jacy
Data:
12.02.2009 - 11:22
Olha aí , pessoal, o novo"textículo" de Dona Jacy.
Ucho.
NO PARQUE DE EXPOSIÇÕES
NO PARQUE DE EXPOSIÇÕES
Maria Jacy Ribeiro
Meu marido era apressadíssimo. Quando dizia “vamos ali”, tínhamos de sair correndo atrás dele. Não foi à-toa que, para acompanhá-lo, compareci a uma festa granfina, em casa de amigos, com o vestido pelo avesso. Dancei no Clube Montes Claros com um sapato preto e outro marrom. Coloquei uma calcinha na bolsa, ao invés de um lenço. Etc. Etc. Etc. Um vexame.
Mas esta é outra estória. Sempre às pressas, sem tempo para apanhar uns trocados, fui ao Parque de Exposições com meu marido, o Prefeito de Montes Claros, na época. Andamos, andamos, encontramos muitos amigos, apreciamos os animais de raça, lanchamos. Cumprimentos, apertos de mão, beijinhos, beijinhos, sorrisos mil e ... paciência esgotada.
Resolvi voltar para o nosso carro que estava estacionado lá longe. Deixei o maridão numa roda de amigos e caí fora, antecipando o prazer de continuar a leitura de um livro excelente, guardado no carro. O azar foi ter encontrado o veículo trancado – uma novidade, pois ninguém jamais o trancara – e eu, coitada, estava cansada, suada e, pior ainda, sem um tostão para reingressar no Parque. Que fazer? Esperar, ora.
E foi o que fiz. Esperei, esperei. Andei pra lá e pra cá e fiquei observando o pessoal da fila imensa que serpenteava ao longo da rua. O tempo foi passando, o calor aumentando e cadê o apressado do meu marido? Uma velhinha, que mendigava para poder entrar no Parque e “namorar aqueles bichinhos lindos que Nosso Senhor colocou lá”, como me contou depois, foi chegando, chegando, até encostar-se em mim. Então batemos um papo longo e gostoso. Lá pelas tantas, ela me perguntou:
- Escuta aqui, fiinha, quanto falta pro`ce poder entrar? Não entendi. - Como? retruquei.
Aí ela, espichadamente, repetiu: - Quanto / falta / pro`ce / inteirar / os cobre / para poder / comprar / o ingresso / para entrar / no Parque? Ahnn... entendi e – fui sincera – respondi: - falta tudo, não tenho um tostão furado.
Ela, com peninha de mim, me consolou: - Oia, fiinha, tô aqui desde manhã e já ganhei cincão... Se eu conseguir mais do que 10,00 (o preço do ingresso), eu te ajudo, viu?
Fiquei emocionada com tamanha solidariedade. Combinado. Finalmente, o apressadíssimo chegou e, depois de contar-lhe a história, colocou a minha nova amiga dentro do Parque de Exposições com dinheiro suficiente para passar uma tarde agradável e namorar os lindos bichinhos que Nosso Senhor pôs lá.
Na despedida, ela sorria, eu chorava.
Louvado seja Deus.
Em tempo: Continuo correndo e dando vexame.