Falta ânimo
PELE
Acima das expectativas
A revelação de que metade dos brasileiros tem o hábito de se proteger contra o sol foi recebida com entusiasmo pelos médicos. Nem as estimativas mais otimistas chegavam perto de um contingente tão grande de precavidos. Nos poucos levantamentos realizados no país sobre o assunto, esse índice raramente ultrapassa 30%.
A proteção contra a radiação ultravioleta é um hábito recente, do fim da década de 80, que, graças às campanhas de esclarecimento, ganha mais e mais força. Há, no entanto, um longo caminho a percorrer. Afinal, falta convencer a outra metade dos adultos brasileiros de que o bronzeado mais bonito é também o mais seguro.
A pesquisa do Ministério da Saúde avaliou o grau de proteção dos brasileiros em relação ao sol das 10 horas da manhã às 4 da tarde. Nesse período do dia, a radiação ultravioleta do tipo B (UVB) fica mais intensa. Os raios UVB são os que causam vermelhidão e podem levar ao câncer de pele, a neoplasia mais freqüente entre os brasileiros. Até o fim do ano, 120 000 brasileiros devem receber o diagnóstico da doença. A medida mais eficaz para barrar a radiação solar é o uso de fotoprotetores. Recomenda-se aplicar o filtro meia hora antes da exposição solar, o que garante a sua absorção pela pele. Além disso, deve-se besuntar o corpo com o produto a cada duas horas ou depois de entrar n’água.
MAMA
Parece, mas não é
À primeira vista, a notícia parece muito boa. De cada dez brasileiras entre 50 e 69 anos, oito já se submeteram à mamografia. É índice de Primeiro Mundo. Se o exame é a principal arma contra o câncer de mama, por que então o número de vítimas fatais da doença cresce no Brasil? Até o fim do ano, 10 000 brasileiras devem morrer vítimas do mal – um aumento de 20% nas taxas de mortalidade em relação ao início dos anos 90. O levantamento do Ministério da Saúde não aponta a periodicidade com que as brasileiras fazem uma mamografia. "A nossa experiência em consultório indica que, no Brasil, o exame tende a ser feito tardiamente e sem nenhuma regularidade", diz a mastologista Maria do Socorro Maciel, do Hospital do Câncer, em São Paulo. A chave da prevenção ao câncer de mama está na realização anual do exame a partir dos 40 anos. Nos Estados Unidos, 80% das americanas nessa faixa etária passam anualmente por uma mamografia. Lá, graças às medidas de prevenção, a mortalidade por câncer de mama caiu 10% na última década.
A maioria dos casos da doença no Brasil é descoberta quando ela está em estágio avançado. Nessas condições, as chances de cura giram em torno de 25%. Se, no entanto, o tumor é detectado em fase inicial, 90% das mulheres conseguem se livrar da doença. Apesar de todas as campanhas de alerta sobre o câncer de mama, um dos principais obstáculos para combatê-lo continua a ser a falta de informação sobre como preveni-lo. Pesquisas regionais indicam que ainda é alto o número de mulheres que desconhecem a importância da mamografia e não sabem fazer o auto-exame em casa. Conforme o relatório do Ministério da Saúde, o número de brasileiras com mais de doze anos de estudo submetidas à mamografia é 20% maior em relação às menos escolarizadas.
COLO DE ÚTERO
Tarde demais
O câncer de colo de útero é o segundo tumor feminino mais comum no Brasil, com 18 680 novos casos previstos para 2008. Nos Estados Unidos, ele aparece em 14º lugar no ranking dos cânceres mais freqüentes entre as mulheres. O abismo entre uma realidade e outra pode ser explicado por um equívoco no modo como as brasileiras se armam contra a doença. Elas tendem a se engajar numa rotina de prevenção tarde demais. O melhor exame contra esse tipo de tumor é o papanicolau, e ele deve ser repetido anualmente, depois da primeira relação sexual. No Brasil, porém, as mulheres mais jovens são as que menos se submetem ao exame. Com isso, as chances de detecção precoce do câncer caem drasticamente. "É uma pena, já que o papanicolau consegue descobrir a doença até dez anos antes de sua formação", diz o mastologista Luiz Henrique Gebrim, professor da Universidade Federal de São Paulo.
Em 90% dos casos, o câncer de colo de útero está associado à infecção pelo vírus HPV, transmitido sexualmente. No início da contaminação, o HPV provoca alterações na estrutura das células uterinas. Apesar de minúsculas, essas lesões são facilmente identificadas pelo papanicolau. Deixados sem tratamento, esses pequenos machucados podem vir a se transformar em um tumor maligno.
PELE
Acima das expectativas
A revelação de que metade dos brasileiros tem o hábito de se proteger contra o sol foi recebida com entusiasmo pelos médicos. Nem as estimativas mais otimistas chegavam perto de um contingente tão grande de precavidos. Nos poucos levantamentos realizados no país sobre o assunto, esse índice raramente ultrapassa 30%.
A proteção contra a radiação ultravioleta é um hábito recente, do fim da década de 80, que, graças às campanhas de esclarecimento, ganha mais e mais força. Há, no entanto, um longo caminho a percorrer. Afinal, falta convencer a outra metade dos adultos brasileiros de que o bronzeado mais bonito é também o mais seguro.
A pesquisa do Ministério da Saúde avaliou o grau de proteção dos brasileiros em relação ao sol das 10 horas da manhã às 4 da tarde. Nesse período do dia, a radiação ultravioleta do tipo B (UVB) fica mais intensa. Os raios UVB são os que causam vermelhidão e podem levar ao câncer de pele, a neoplasia mais freqüente entre os brasileiros. Até o fim do ano, 120 000 brasileiros devem receber o diagnóstico da doença. A medida mais eficaz para barrar a radiação solar é o uso de fotoprotetores. Recomenda-se aplicar o filtro meia hora antes da exposição solar, o que garante a sua absorção pela pele. Além disso, deve-se besuntar o corpo com o produto a cada duas horas ou depois de entrar n’água.
MAMA
Parece, mas não é
À primeira vista, a notícia parece muito boa. De cada dez brasileiras entre 50 e 69 anos, oito já se submeteram à mamografia. É índice de Primeiro Mundo. Se o exame é a principal arma contra o câncer de mama, por que então o número de vítimas fatais da doença cresce no Brasil? Até o fim do ano, 10 000 brasileiras devem morrer vítimas do mal – um aumento de 20% nas taxas de mortalidade em relação ao início dos anos 90. O levantamento do Ministério da Saúde não aponta a periodicidade com que as brasileiras fazem uma mamografia. "A nossa experiência em consultório indica que, no Brasil, o exame tende a ser feito tardiamente e sem nenhuma regularidade", diz a mastologista Maria do Socorro Maciel, do Hospital do Câncer, em São Paulo. A chave da prevenção ao câncer de mama está na realização anual do exame a partir dos 40 anos. Nos Estados Unidos, 80% das americanas nessa faixa etária passam anualmente por uma mamografia. Lá, graças às medidas de prevenção, a mortalidade por câncer de mama caiu 10% na última década.
A maioria dos casos da doença no Brasil é descoberta quando ela está em estágio avançado. Nessas condições, as chances de cura giram em torno de 25%. Se, no entanto, o tumor é detectado em fase inicial, 90% das mulheres conseguem se livrar da doença. Apesar de todas as campanhas de alerta sobre o câncer de mama, um dos principais obstáculos para combatê-lo continua a ser a falta de informação sobre como preveni-lo. Pesquisas regionais indicam que ainda é alto o número de mulheres que desconhecem a importância da mamografia e não sabem fazer o auto-exame em casa. Conforme o relatório do Ministério da Saúde, o número de brasileiras com mais de doze anos de estudo submetidas à mamografia é 20% maior em relação às menos escolarizadas.
COLO DE ÚTERO
Tarde demais
O câncer de colo de útero é o segundo tumor feminino mais comum no Brasil, com 18 680 novos casos previstos para 2008. Nos Estados Unidos, ele aparece em 14º lugar no ranking dos cânceres mais freqüentes entre as mulheres. O abismo entre uma realidade e outra pode ser explicado por um equívoco no modo como as brasileiras se armam contra a doença. Elas tendem a se engajar numa rotina de prevenção tarde demais. O melhor exame contra esse tipo de tumor é o papanicolau, e ele deve ser repetido anualmente, depois da primeira relação sexual. No Brasil, porém, as mulheres mais jovens são as que menos se submetem ao exame. Com isso, as chances de detecção precoce do câncer caem drasticamente. "É uma pena, já que o papanicolau consegue descobrir a doença até dez anos antes de sua formação", diz o mastologista Luiz Henrique Gebrim, professor da Universidade Federal de São Paulo.
Em 90% dos casos, o câncer de colo de útero está associado à infecção pelo vírus HPV, transmitido sexualmente. No início da contaminação, o HPV provoca alterações na estrutura das células uterinas. Apesar de minúsculas, essas lesões são facilmente identificadas pelo papanicolau. Deixados sem tratamento, esses pequenos machucados podem vir a se transformar em um tumor maligno.
Fonte: VEJA Nº 2050/03.03.2008