23.11.07

COPA DA MACONHA EM AMSTERDAM

Amantes da maconha se reúnem em Amsterdã para Copa da Cannabis
AMSTERDÃ (Reuters) - Milhares de aficionados da maconha invadiram a capital holandesa, Amsterdã, esta semana, para experimentar e selecionar os vencedores da 20ª competição anual Copa da Cannabis.
"A concorrência este ano é boa", disse "Herbal Santa", fumante de maconha de longa data da Califórnia, que deu seu nome apenas como sendo "Jim".
Os organizadores esperam cerca de 3.500 participantes.
Com uma semana de duração, a Copa da Cannabis acontece em várias "coffee shops" espalhadas pela cidade, mas os eventos principais são em um clube na periferia de Amsterdã, escondido atrás de um restaurante McDonald's e uma loja faça-você-mesmo.
O evento coincide com o feriado do Dia de Ação de Graças nos EUA, de modo que participantes do outro lado do Atlântico podem passar uma semana de férias em Amsterdã.
O evento foi fundado em 1987 por Steven Hager, editor da revista nova-iorquina High Times, que defende a legalização da maconha. A Copa da Cannabis é chave para os negócios voltados à maconha e também para muitos fumantes da erva.
Os jurados pagam uma taxa de até 200 dólares para participar da escolha das variedades vencedoras, sendo que cabe a eles examinar a potência das diversas ervas, seu sabor, cheiro e a experiência total que proporcionam.
A maconha é tecnicamente ilegal, mas na Holanda foi descriminada e tolerada, sendo vendida em quantidades pequenas nas "coffee shops".
"As pessoas deveriam vir para fumar e ficar em paz juntas", disse Arjan Roskam, proprietário da Green Seed House Company, cujas variedades de maconha já conquistaram 31 prêmios na Copa Cannabis ao longo dos anos. Sua "coffee house" é um destino frequente de celebridades que viajam a Amsterdã.
"Temos pessoas de 18 a 80 anos se divertindo", disse Roskam. "É um encontro muito amigável."
O cérebro e a maconha
CARTA CAPITAL - edição 471
por Phydia de Athayde
O neurocientista Renato Malcher-Lopes desfaz mitos sobre a droga
Malcher-Lopes: "Muitos poderão ter o sofrimento reduzido com o uso medicinal" ©Claudine Ferrão
Os atributos medicinais da maconha são velhos conhecidos do homem. No início deste mês, um estudo da Universidade da Califórnia indicou que um composto da droga pode ser usado no tratamento da depressão. Há mais de 3 mil anos, um texto sagrado do hinduísmo a descrevia como capaz de aliviar a ansiedade e como fonte de alegria e regozijo. No Tibete e Nepal, é tradicionalmente utilizada no tratamento de ulcerações, reumatismo e inflamações de ouvido, além de agir como anticonvulsivo e antiespasmódico em casos de epilepsia e tétano. Mas a tradição nada tem a ver com o papel hoje reservado à droga, substância ilegal mais consumida no mundo e alvo da política antidrogas norte-americana, com reflexos mundiais.
Na última década, a descoberta de substâncias produzidas pelo cérebro que agem de forma similar à da maconha (os endocanabinóides) reabriu a discussão sobre os benefícios terapêuticos da droga. Dois cientistas brasileiros acabam de unir conhecimentos e as mais recentes pesquisas sobre o tema para lançar Maconha, Cérebro e Saúde (Ed. Vieira & Lent, R$ 22). Um dos autores, o neurocientista Sidarta Ribeiro, que descobriu como o sono e os sonhos atuam na organização das memórias, é diretor de pesquisas do Instituto Internacional de Neurociências de Natal Edmond e Lily Safra (IINN-ELS), um dos mais promissores pólos científicos do País. O outro, o neurocientista Renato Malcher-Lopes, apresentou um projeto de pós-doutorado na Escola Politécnica Federal de Lausanne, na Suíça, e, atualmente, trabalha no Centro de Recursos Genéticos e Biotecnologia da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Malcher-Lopes participou da descoberta da regulação hormonal dos endocanabinóides e pesquisa a atuação da leptina e outros hormônios no controle do apetite e no equilíbrio fisiológico.
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